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Pisada do Sertão:

uma história de fertilidade

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Dizem que quando a terra a fértil, a semente logo vira uma planta, e esta quando cuidada multiplica-se produzindo frutos, que por sua vez geram novas sementes para que seja disseminada toda uma plantação.

Zé de Moura, o fundador da cidade de Poço de José de Moura por ser um amante da cultura popular, construiu junto com seu povo uma identidade cultural onde num futuro muito próximo, seria o motivo de orgulho de toda população poçomourense. Zé de Moura deixou um legado e uma missão, e como somos solo fértil, essa missão continua.

Após sua morte e até 2004, já não falava mais de cultura, ficaram apenas as memórias de um passado que sobrevivia na oralidade. O que a população ainda não tinha compreendido é que fazer cultura como no passado não seria mais possível, seria possível fazer cultura no presente, com um novo contexto e uma nova realidade.

Foi nesse pensamento que o Pároco local Pe. Walter Fernandes Anacleto buscou evangelizar os jovens tendo a arte e a cultura como, assim, sendo Pe. Walter muito jovem, criativo e dinâmico convidou os representantes do grupo de Jovens da igreja, Rafaella Lopes Gonçalves Bandeira, Waldir Júnior, Layalla Rânney Dantas Bandeira e Cássio Kennedy de Sá Andrade para participarem de uma reunião de planejamento da programação das festividades do padroeiro.

Uma das pautas da reunião, era a realização de um Show Cultural na abertura das festividades, e a sugestão do Pe. era que resgatasse o grupo de Reisado Zé de Moura e que formasse um grupo de xaxado. O desafio foi aceito, no entanto, era preciso ter uma pessoa liderando os jovens para ensinar a dançar xaxado e resgatar o reisado. O grupo de Reisado teve como líder José Vandevan, para a formação do grupo de xaxado a professora Maria do Carmo Torres, que também era da comissão organizadora relatou que no ano de 1982 quatro jovens de Poço fizeram uma apresentação em Brasília no Encontro Nacional da Juventude Rural pela EMATER-PB. As jovens eram: Ela Maria do Carmo Torres, Ângela Maria de Sá, Núbia Naiete de Moura Dantas e Aurileide Egídio de Moura.

Ouvindo esse relato, os jovens ficaram animados e logo procuraram as ex integrantes para que pudessem ensinar a dançar xaxado, mas, novamente um desafio, a professora Maria do Carmo  não lembrava mais como era a coreografia e logo indicou que procurasse a professora Núbia, que também relatou que não sabia mais como dançava xaxado. Ao ver a vontade que os jovens tinham de aprender a dançar, Núbia indicou que procurasse sua irmã, Ana Neiry de Moura Alves pois ela era jovem, professora e que sempre se identificou com o fazer cultural.

Os jovens não exitaram e foram à procura de Ana Neiry que aceitou o desafio imediatamente, e foram mobilizando outros adolescentes e jovens que participavam do grupo da igreja para formarem um grupo de dança. Os ensaios foram realizados na sede da igreja, o figurino foi articulado pelo Pe. que trouxe do grupo de Santa Helena, os jovens buscaram os acessórios emprestados na comunidade como espingarda, sandálias de couro, arupembas e até uma túnica preta usada pelos padres na época de Zé de Moura foi colocada como figurino do personagem de Padre Cícero que fazia parte da dramatização do espetáculo.

Para aprender a coreografia, Pe. Walter disponibilizou uma fita cacete que não tinha áudio, apenas a imagem. Para entender os passos, era preciso dar pausa e deduzir os movimentos. A música do espetáculo foi disponibilizada pela rádio Difusora Cajazeiras. O grupo recebeu o nome de Pisada do Sertão inspirados na música Pisada de lampião de Luiz Gonzaga no trecho que fala “Olha a Pisada, de Lampião” e o Sertão foi proposto pensando na localidade que esses jovens residem “Sertão paraibano”.

No dia da estreia do grupo, o Show Cultural foi realizado na quadra de festa do saudoso João Moura, no dia de 07 de outubro de 2004 após a celebração da missa de abertura das Festas de São Geraldo. O ambiente foi decorado pelos jovens com plantas típicas da região, na parede de fundo do palco era decorada como redes, na frente do palco tinha pedras, cactos, panelas e potes de barro. No Show Cultural teve apresentação do Reisado, Poesias, e do grupo de xaxado.

Uma noite memorável para os jovens e para a comunidade, o brilho nos olhos dos jovens revelou a alegria em poder protagonizar, brilhar e ser aplaudido de pé por seus familiares e toda a comunidade que estava prestigiando o evento. Com o sucesso do espetáculo, o grupo estava na agenda da programação cultural dos eventos da Diocese organizados por Pe. Walter.

O que era para ter sido apenas uma apresentação, nascia a Pisada do Sertão, Ana Neiry seguiu adiante com o grupo, liderando, ensinando e despertando a motivação, autoestima e as habilidades que até então não se tinha muito reconhecimento por parte dos jovens.

Em 2005 tiveram seu próprio figurino, que foi doado pela Prefeitura Municipal de Poço de José de Moura na gestão da prefeita Aurileide Egídio de Moura. Ali o grupo já estava mais fortalecido, os jovens se encontraram no fazer cultural, despertando nas cidades vizinhas a criação de grupos de dança.

Em 2006, Ana Neiry convidou Cleonice Maria e Anildomá Willans, ambos representantes do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião de Serra Talhada-PE, para qualificarem o grupo teoricamente e na prática, assim, foi realizado oficinas de xaxado, os jovens puderam conhecer melhor os passos, a indumentária e a história, e como bons alunos, seguiram todas as orientações.

De 2004 muitas coisas aconteceram, ampliaram os espetáculos, incluindo danças típicas do nordeste, se apresentaram em muitos festivais nacionais e internacionais no Brasil, mas, o espetáculo Xaxado é ainda o mais esperado e aplaudido pelo público.

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